eu que nem sempre fui atenta
agora vejo a intensidade das estrelas
das ruínas do que um dia foi moradia
das sujeiras embaixo do tapete
da tentativa de ser o que eu não sou
ou simplesmente parecer o que sempre fui
de agradar atleticanos e cruzeirenses
e torcer desesperadamente para o ipatinga
acreditar na pura arte
ou em um dia morar em marte
que monalisa além de lisa
foi feita sobre camadas
quem dera ter a inteligência dos índios
ou a força dos escravos
a calma dos passaros
e a agilidade da tarturuga
e paciência das formigas
quem dera...
se ou não mudasse da água para o vinho
se todo dia estivesse sorrindo
e se meus escritos fossem entendidos
além de lidos.
D.Pessoa